- História da Umbanda:
Zélio Fernandino de Moraes fundou a Umbanda em 15 de novembro de 1908, através do Caboclo das Sete Encruzilhadas, numa mesa Kardecista, aos 17 anos. Depois de ter sido dado como louco pelos seus familiares, e depois ter passado por dois exorcismos, por ter sido considerado encapetado. Não tendo resultado um amigo da família, indicou a então recente Federação Kardecista. E lá se deu a manifestação do Caboclo, que contou sua história, de em uma de suas reencarnações, havia sido um padre jesuíta e que esteve no Brasil. E morrera queimado na Inquisição considerado bruxo, por ter previsto o terremoto que se deu em Lisboa. E então anunciou o inicio de uma nova religião: A Umbanda.
PALAVRAS DO CABOCLO: “Se é preciso que eu tenha um nome, digam que sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, pois não há caminhos fechados para mim”.
- Zélio nasceu em 10 de abril de 1892, em São Gonçalo das Neves - RJ. Filho de Joaquim Fernandino Costa (oficial da marinha) e Leonor de Moraes. Desencarnou em 03 de outubro de 1975.
Suas filhas Zélia e Zilméia, continuaram com o seu trabalho, na Tenda Nossa Senhora da Piedade, o primeiro terreiro de umbanda, que existe até hoje, com a direção de Zilméia, que está com seus 90 anos de idade. Depois de sua fundação, foram fundadas mais de 10000 tendas enquanto Zélio esteve encarnado.
- Após 55 anos de trabalho, Zélio, entregou a Tenda para suas filhas. Mais tarde, junto a esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa e aparelho do Caboclo Roxo, fundaram a Cabana Pai Antonio, no distrito de Boca do Mato, município de Cachoeira de Macacu – RJ.
- Pai Antonio, preto-velho que Zélio incorporava, foi à primeira entidade a introduzir elementos físicos à Umbanda, que foi o cachimbo (ou cachimba, como ele mesmo dizia) e depois a guia.
PALAVRAS DO CABOCLO: “Vim para fundar a Umbanda no Brasil, aqui se inicia um novo culto, em que os espíritos de pretos velhos africanos e índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados. Qualquer que seja a cór, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno será a principal característica desse culto”.
- Os espíritos de preto-velhos, índios, caboclos etc., não tinham onde mostrar seus conhecimentos, nem praticar a caridade, pois, os candomblés não aceitavam a incorporação de tais espíritos, porque os mesmos para eles eram eguns (espíritos dos mortos). Exceto nos chamados Candomblés de Caboclo, mas também não eram lugares apropriados, pois fugia da proposta de caridade, que mais tarde seria feita com a Umbanda. Nas mesas kardecistas, também não eram aceitos, pois esses espíritos eram considerados atrasados, para que pudessem fazer sua caridade, tinham que se apresentar como médicos, padres ou irmãs de caridade, se não eram imediatamente expulsos, considerados como obsessores.
- No plano astral já havia há muito se formado a Umbanda, para mais tarde se apresentar no plano material, através de Zélio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
- Fazendo uma analogia, podemos pensar da seguinte forma: o povo brasileiro é miscigenado. Aqui encontramos as mais diversas raças e crenças, vindas de toda a parte do mundo nada mais justo, a Umbanda ser uma religião genuinamente brasileira.
Os pilares da Umbanda são; os negros africanos, os índios e os brancos. Cada um com sua cultura e fé, trouxeram pra umbandas elementos essenciais e fizeram dela uma religião sem igual.
Com os negros da África, vieram os Orixás, as danças, os batuques e a magia. Dos índios veio o conhecimento das ervas medicinais e magisticas, o conceito de preservação e respeito à natureza, a pajelança. E dos brancos de maioria católica, trouxeram as orações, o conceito de Jesus Cristo, ”amai-vos uns aos outros” e o sincretismo responsável pela preservação da Umbanda. (Sem falar que se os brancos não tivessem vindo para cá, não tivesse trazido os negros como escravos da África, muitos de nós não existiríamos, como somos hoje, e também não existiria a umbanda. Por isso devemos pensar que tudo faz parte de um plano Divino, dentro das Leis Divinas).
Com o tempo e a evolução, vieram os demais espíritos ( ciganos, marujos, baianos, etc.) que se comprazeram da forma do culto e quiseram, participar trazendo seus conhecimentos e evoluindo junto a nós. Todos dentro da Lei de Umbanda, praticando a caridade.
- A Umbanda são todas as bandas em uma, é o todo em um.
É a egrégora que reina no céu do Brasil. Todas essas entidades que “baixam” na nossa Umbanda, só o fazem de acordo com a Lei Suprema.
- A Umbanda pode ser considerada uma religião ecumênica, pois não faz distinção de crença, desde que essa crença seja baseada no amor em Deus e ao próximo. Todos os espíritos sendo para ajudar ou pedir ajuda são bem vindos, porque a caridade não é feita só com os encarnados, mas também com os desencarnados. É uma religião sincrética, reencarnacionista, espiritualista, não dogmática; que tem seus fundamentos na caridade desinteressada, no amor ao próximo, no culto aos Orixás e na mediunidade. Sendo uma religião sem dogmas, não existe um ponto fundamental, dando um exemplo das religiões cristo judaica: “Se for bom vai pro céu, se for mal vai pro inferno”. Dentro dela reúnem-se várias crenças. Mas é uma religião pragmática, pois possui um conjunto de regras e formalidades que devem ser seguidas e respeitadas.
RELIGIÃO: Do grego RELIGARE = RELIGAR.
O sentido primitivo da palavra religião, é o de religar o ser humano a Deus, ou a uma Força Maior, criadora de tudo: onipotente, onipresente, onisciente.
Se todos nós viemos Dele, um dia voltaremos a Ele. Então, enquanto isso, o ser humano encontra na religião ou no RELIGARE, um meio de estar mais próximo a Ele.
- As religiões, foram criadas pelo homem moderno de acordo com sua cultura, locais onde moravam e vontades de seus corações.
Há milhares de anos atrás antes de Cristo, não existia o conceito de religião como conhecemos hoje. O que existia era a cultura de um povo e um conceito do que era Sagrado. E tudo era sagrado e Divino: o ser humano e a natureza faziam parte um do outro. Tudo era visto como obra divina de um Ser Superior, e em tudo Ele estava.
Através de suas Divindades, com seus diversos nomes.
- Mas porque hoje existem tantas religiões?
Primeiro porque Deus permitiu. Depois porque com o crescimento populacional do planeta, com a evolução do ser humano, ficou difícil todos terem o mesmo modo de pensar. Até porque Deus nos deu o livre-arbítrio e raciocínio. Por tanto somos diferentes uns dos outros. Mas a essência de toda religião é a mesma: estar mais próximo de um ser Superior e criador; purificarem-se, conhecer-se como ser divino, amor, e evoluir para um dia voltar a Ele.
Eu costumo dizer que as religiões, são as diversas chaves que Deus tem, para abrir e entrar nos corações dos seres humanos. Porque cada coração tem uma fechadura diferente.
- Não existe religião certa ou errada, o que existe são os bons e os maus religiosos.
Toda religião e todo ser humano carrega em si a verdade. Então não adianta discutir, brigar ou querer forçar o outro a acreditar no que você acredita. A intolerância religiosa existe, mas pra que fazermos parte dela. Não é uma competição de quem é melhor, ou de quem vai pro céu ou pro inferno.
“É na diversidade que encontramos a unidade”. E a unidade é Deus.
- O auto conhecimento, é muito importante para o ser humano. E principalmente para uma pessoa que segue uma religião espiritualista, como a Umbanda. Saber seus defeitos e tentar amenizá-los. Saber suas qualidades e destacá-la, trabalhá-las. Saber seus limites e necessidades como seres físicos e espirituais. Tudo isso é muito importante para um “RELIGARE”, mais sincero e perfeito.
- Como praticar o “RELIGARE”? Com fé, devoção, disciplina moral, mental e física; respeitar a natureza e o seu semelhante, praticar o bem e a caridade e orar.
A oração é um excelente modo de religare. Afasta-nos dos maus pensamentos, disciplinando o nosso mental, carrega as baterias da nossa alma e dos nossos protetores, afasta as negatividades e nos faz estar mais próximos de Deus. Uma oração sincera e diária. Não apenas quando está aflito, com problemas. Pois devemos nos ligar a Deus e suas Divindades todos os dias.
Janaína de Souza
FONTES:
- Alguns trechos desse texto foram lições passadas para mim, em sonho, ou até mesmo acordadas por minhas Mentoras: Vovó Cambinda da Guiné e Rosana.
- As partes a qual fala sobre a historia da umbanda foi retirada de um texto da apostila de Teologia de Umbanda, ministrada por Alexandre Cumino, que por sua vez colheu depoimento de viva voz do Babalawô Ronaldo Linhares, presidente da Federação umbandista do Grande ABC e do Santuário Nacional de Umbanda, esse que teve anos de amizade e convivência com Zélio Fernandino de Moraes e sua família.
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