segunda-feira, 28 de março de 2011

Mensagem da Vovó

Porque sou como sou?
               
                Venho como velha, curvada, cansada do tempo. Mas porque me apresento assim, se os entendidos dizem que espírito não tem idade? E preto, ainda mais velho, é espírito sem entendimento?
Venho desse jeito por vários motivos.
Para mostrar que a sabedoria vem com a experiência, com a vivencia e isso só ganhamos com a idade e o correr do tempo.
Para mostrar a humildade da fala simples, sem rebusco e pretensão, que está ao alcance de todos.
Para mostrar que o sofrimento bem aproveitado, também trás evolução.
Venho desse jeitinho, para acabar com o preconceito, de que preto e velho, não babem nada, não podem nada.
Mostrar que tudo que nasce na terra tem seu ciclo de vida, morte e renascimento. E mostrar que um dia talvez; você vai ficar assim também. Porque ninguém nasce pra semente.
Isso faz parte da minha missão!
Não era minha missão vim como criança, ou jovem e sim como velha e preta.
Quanto a espírito ter idade!? Quem disse que não tem?
A alma sim é infinita.
Mas o espírito também perece. Claro, que ele dura muito mais que a carne, mas também chega ao fim. E o que sobra é a alma, que é a centelha de Deus dentro de nós.
Ai você me pergunta: então espírito é uma coisa , e alma é outra?
E a veia responde: claro que sim!
O espírito é único,é individual. Mas a alma é universal. O espírito é um corpo, que vem depois da carne. Um corpo bem mais sutil, onde a mente trabalha, que guarda a alma.
A alma é o sopro de vida, que dá a vida a todas as coisas. A alma é Deus e Ele está dentro de todos nós.
Por isso que Dele nada podemos esconder. Por isso que somos o templo de Deus. É pó esse motivo que somos criativos e todas as coisas só existem, porque Ele permitiu que assim fosse. “Nenhuma folha cai de uma arvore sem o conhecimento e a vontade de Deus”
Quando tomamos conhecimento de nossa Alma e descobrimos (o que sempre soubemos) que ela é Deus em nós. Tornamos-nos uno com Ele, nos tronamos Ele. Então várias coisas que tinham sentido, deixam de ter. Várias necessidades deixam de ser necessárias. Estamos em Deus e Deus está em nós.
Poucos fora os que conseguiram atingir  essa consciência. E poucos daqui pra frente serão os que conseguirão. Mas não custa tentar. E nessa tentativa melhorar e galgar o caminho do bem, da compaixão, do amor e da caridade. Sempre com fé em Deus e nos Orixás. Aprendendo com os Guias e ajudando os que necessitam.
Eu sou Vovó Cambinda da Guiné e essa é minha mensagem para vocês.
Que Oxalá abençoe a todos.
Saravá Umbanda!

Ponto Baiano Malaquias (médium Janaina)

Eu sou da Bahia
Sou baiano sim senhor
O meu nome é Malaquias
Eu vim de São Salvador
Êh baiano,
Quem avisa amigo é
na roda de capoeira
Só me enfrenta qum tem fé
Êh Bahia,
Sou baiano até o fim
 Sou filho de Yemanjá e
Nosso Senhor do Bonfim.

Esse ponto é cantado pelo proprio Malaquias.

Pomba Giras

Boa noite!
Acessem o link e vejam sobre diversas Pomba- Giras. Achei muito legal.
http://pombagiras.blogspot.com/

Sobre: Maria Farrapo, Maria Qutéria, Maria Navalha entre outras que não sãotão conhecidas.
Beijos.

domingo, 27 de março de 2011

Gira de Ontem: 26/03/2011

Ontem realizamos na Tenda, gira de Caboclo. Foi muito boa.
Nossos queridos caboclos e boiadeiros, trabalharam divinamente como sempre.
Após o atendiemto da assistencia e a partida dos Caboclos, viram os Marujos, baianos e baianas, a malandragem pra vadiar como eles mesmos disseram. E na vadiagem fizeram um lindo trabalho de descarrego, nos filhos e na assistencia e na casa. E de finalzinho os vozinhos e vozinhas de alguns médiuns para encerrar os trabalhos.
Agradeço a todos da assistencia, aos dirigentes Maria do Carmo e Benedito Lucio, a mãe pequena Cida, nossa Irmã mais velha e Nanã Coroada Erotildes. Aos filhos da casa: Aydete, Patrica, Danny Ellen, Manu, Solange, Silvana, Jorginho, João Vitor, Douglas, Elaine, Del.
Os nossos tocadores de atabaques: Sr Pedro, Junior,Thiago e Matheus
E aos guias que estiveram presente: Abrindo nossa Gira Pai João da Caridade. Os caboclos: Mata Virgem, Ubiratan, Sete Flechas, Jussara Pedra Amarela, Pajé Jaguaraçú, Cobra Coral, Sete Taipas, Jurema da Mata, India Saranoê, Caboclo Tupã, e outros.
Os boiadeiros: João Boiadeiro, Laço de Couro, Uruguaiano, João Tropeiro, João do Laço e outros
Os Marujos: Delfim dos Sete Mares, João Barqueiro, João Beira-Mar, Sebastião e outros
Os baianos: Tobias, Malaquias, Makulelê e as baianas que ainda não se identificaram, mas apareceram rapidamante.
Os Malandros da linha de Sr Zé Pelintra: Zé Malandro, Maria da Ladeira e Maria Navalhada e outros
E os vozinhos: Pai João da Mata, Pai Joaquim d'Angola, Vovó Cambinda.
E mais uma vez a Pai João da Caridade, mentor espiritual de nossa casa a quem muito devemos, o amigo de todos os momento.

Obrigada.

Que Oxalá abençoe a todos.


Janaina de Souza

Mais uma vez obrigada atodo

MEDIUM E EXÚ, EXÚ É ESPECULAR

Muitas vezes, ele funciona como um espelho, refletindo em seu comportamento os defeitos e qualidades de seu médium. Não estamos falando aqui de mistificação nem animismo e sim de um comportamento em que pela convivência um exterioriza qualidades e defeitos do outro. Apesar de Exu ter opinião própria a manifesta em linguagem simples e direta de forma que todos entendam. É ele a entidade mais próxima a nossa realidade e anseios materiais. Quando o médium começa a se desenvolver costuma ouvir que há a necessidade de doutrinar seu Exu. É natural que o médium não tenha doutrina no inicio de sua jornada espiritual e Exu exterioriza isso em seu comportamento, após boa doutrinação da entidade veremos a necessidade de doutrina também para o médium que acaba de chegar na casa. Durante o desenvolvimento mediúnico é ainda natural que o Exu se apresente pedindo sua oferenda, pois sua força é potencializadora e vitalizadora da mediunidade.
Este mesmo médium que está iniciando na Umbanda encontra todo um universo novo aos seus olhos e Exu costuma ser algo intrigante e fascinante ao mesmo tempo; quando não uma entidade, força, que assusta um pouco os que não o conhecem.
A questão é: Enquanto o médium estiver preocupado com a doutrina de “seu” exu estará também doutrinando-se, subconscientemente!
Devemos, sim, estar atentos quando nos deparamos com entidades de esquerda sem doutrina, muitas vezes estão chamando nossa atenção a seu médium para que tomemos uma atitude doutrinária em relação a ambos.
Tudo isso é bem diferente de um obsessor ou quiumba, trazido por transporte, que normalmente tem comportamento rude e agressivo. Falamos aqui do Exu de lei que acompanha o médium como entidade de trabalho na esquerda.
Não devemos subestimar exu, achando que é entidade sem luz desprovida de evolução, observando apenas um aspecto externo e superficial, pois quando vamos com a farinha ele já voltou com a farofa, devemos sim ficar atentos com o que nos dizem nas entrelinhas ou o que querem nos passar, quando não podem ou não se sentem a vontade para revelar.
Quanto ao que pode revelar, pergunte a ele sobre seu médium e o comportamento do mesmo e verá que Exu é o primeiro a apontar os defeitos de seu “cavalo” e isto está ainda dentro da qualidade especular de Exu.
No desenvolvimento mediúnico é ele um elemento de muita importância, pois dá força e potencializa as faculdades mediúnicas, não é difícil encontrarmos exu pedindo para ser oferendado logo no inicio da vida mediúnica.
Em uma casa de luz, em um terreiro de umbanda de fato, exu não aceitará trabalhos de ordem negativa a favor de futilidades ou egoísmos. Veremos exu trabalhando com seriedade e em sintonia com as entidades da direita, ou seja não virá em terra para contrariar todo um trabalho de doutrina realizado por caboclos e pretos velhos. Encontraremos até exus dando consultas, limpando e descarregando consulentes, fazendo desobsessão e outras coisas mais dentro do mesmo objetivo e até dando bons conselhos aos que a ele procuram.
Por tudo isso somos gratos a exu e Pomba gira por trabalharem conosco a favor da luz, e afirmamos muito do que se fala de exu e pomba-gira ligado a magia negativa, nós desconhecemos, sabemos que muitos tentam se passar por exu, mas aí já não é mais Umbanda. Umbanda acima de tudo é Amor e Caridade, exu não deve vir em terra para dar o contra no trabalho de direita.


FONTE DESCONHECIDA POR MIM.

quinta-feira, 24 de março de 2011

MENSAGEM DO SR SETE

Mensagem do Sr Sete (Psicografada)

 
A criança que nasce do ventre da mãe, traz a missão de vencer por seus atos e metas, pois de alento de mãe não basta viver!
A vida se mostra como doce lua de prata, brilha no coração como estrela guia, tras no nome do Pai a certeza que é pelo amor que a vida se cria!
na fé inabalável sustentar, guardar-se pelo amor do Cristo, a esperança.
Torcendo por ver no semblante de cada ser, brotar um singelo sorriso de criança!
A certeza de dia melhor virá, onde depois da tormenta vem a bonança, a certeza de que o amor seja assim compreendido, sendo essa a grande e maior esperança.
Porem crer no amor que é vindouro, não é aguardar parado a sua chegada, pois o amor não vem, se aqui já está, vivenciando no ser a essência da pessoa amada.
Não entendem os que não se abrem, mas a chave da vida os fará enxergar, que onde há esperança e amor, pode uma flor no solo brotar.
Na esperança que a criança sorria, e a certeza que o amor se faz nascer! Pois viver o amor é a nossa única esperança!

Sr Exu das Sete Encruzilhadas (Pelo médium Julio)

 

Umbanda cristã?

                Vemos hoje na internet, em blogs e sites de grupos umbandistas, e até mesmo em jornais dedicados a religião um tema que causa muita discussão: a Umbanda é Cristã ou não?
                Temos uma divergência de opiniões acerca desse assunto. De um lado aqueles que defendem a cristandade da Umbanda, do outro aqueles que querem eliminar definitivamente qualquer resquício do cristianismo. Tirando dos altares dos terreiros as imagens dos santos católicos, e acabando com o sincretismo dos Orixás, que a meu ver, faz, sempre fez e vai continuar fazendo parte de nossa religião. Modificando assim toda a essência e todo um histórico cultural de uma religião, difundida e sacramentada em torno do sincretismo.
                Nem tanto ao Céu, nem tanto a Terra!
                Em minha opinião, a Umbanda é uma religião Ecumênica. Nem cristã, nem pagã, nem hindu, esotérica, xamanista, ou racionalista e sim tudo ao mesmo tempo. O que difere de um terreiro para outro (terreiros sérios), são os Guias que a chefiam.
                Por exemplo, uma casa que tenha como Guia chefe um Preto-velho, será diferente de uma casa de Caboclo.
Também se deve levar em consideração a ancestralidade espiritual do dirigente do terreiro. Se o dirigente tiver uma ligação ancestral com o Povo Cigano, sua casa tende a pender para um lado mais esotérico, com práticas divinatórias e toda aquela bela magia que tem os ciganos. Na verdade, muda uma coisa ou da ritualística, mais a essência continua a mesma.
Como eu já disse anteriormente, para mim Umbanda é Ecumênica, porque engloba o que há de melhor ( no meu ponto de vista) de cada religião dos povos existentes no Brasil.
Pois, sendo uma religião legitimamente brasileira, ela trás em seu plano espiritual, a cultura, os costumes e a fé de cada um dos povos que encontraram em nosso país, uma pátria, um lar. (Claro que tudo dentro das Leis de Umbanda e Universais)
Esses imigrantes quando vieram para cá, trouxeram consigo, toda a sua bagagem espiritual, que aqui se encontraram com a bagagem espiritual já existente: dos índios. Conheceram e misturam-se no Astral Divino e  assim começou a formar-se a Umbanda.
Primeiro os brancos com o cristianismo, o judaísmo, algumas tradições herméticas (ocultistas e pagãs). Depois os negros africanos, escravizados. Com  todos os seus Orixás, ritos, dança e música e magia.
Esses três formam os Pilares Sagrados de Umbanda.
Mais tarde vieram todos os outros espíritos, com sentimentos e propósitos afins. Orientais, Árabes, Ciganos e tantos outros.  E assim no Astral Divino brasileiro se formou a Aruanda, cidade e pátria espiritual da Umbanda. União de espíritos dedicados a caridade, ao amor ao próximo, a fé, a união dos povos e a batalha contra o mal.
Para em 15 de novembro de 1908, ser oficialmente fundada no plano material, na cidade do Rio de Janeiro, pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio de Moraes, numa mesa Kardecista. Num momento em que esses o Kardecismo, estava em ascensão, e dizia que os abnegados irmãos, negros e índios, eram espíritos inferiores. E nos Candomblés os mesmos espíritos não tinham lugar, por serem Eguns (espíritos dos mortos). E o povo mais humilde necessitava de um alento maior, de espíritos iluminados, mais singelos, de palavreado simples, para o entendimento de qualquer um que os procurasse.
A Aruanda é parecida com o Brasil em seu plano físico, uma mistura de raças, culturas e credos. Com a grande diferença que lá eles vivem em harmonia e em elevação espiritual.
Vemos hoje nos terreiros uma imensa quantidade de diversos espíritos, e muitos outros que estão se incorporando a tradição de Umbanda.
Índios nativos ou não, Africanos, Orientais, Magos, Magas... Essa é a egrégora do Astral Divino Brasileiro.
Seria uma grande falta de respeito com tantos espíritos não Cristãos ou cristãos, nomear a Umbanda como religião Cristã, Esotérica, ou qualquer, racionalista ou qualquer outra nomenclatura que se possa dar. Umbanda, é Umbanda e ponto!
Fazer isso seria dogmatizar uma religião sem dogmas. Prender uma religião de livre pensamento em um termo único.
Não temos um livro sagrado, mas todos os livros sagrados são também nossos.
“É na diversidade que encontramos a unidade, e a unidade é Deus.”
 Por outro lado, é um absurdo retirar dos nossos altares as imagens dos santos católicos, que representam os nossos Orixás, dentro do sincretismo. Simbolismo que nos remete a época da escravidão, do preconceito e da proibição. Esse simbolismo existe para nos fazer dar valor a liberdade que temos hoje, de cultuarmos e adorarmos Deus a nossa maneira. Nos leva também a lembrarmos, do sofrimento dos nossos negros escravos, esse que não deve jamais ser esquecido e que nos serve de lição para vida. Esses irmãos abnegados que fizeram do sofrimento, escada de elevação espiritual. Nossos vovôs e vovós que trazem, consigo, humildade e sabedoria.
Os irmãos que defendem a retirada do cristianismo da nossa dizem isso ser a evolução. Eu digo que não! Isso é modificar a natureza de uma fé e criar outra coisa que não Umbanda.
Quem nunca ouviu um vozinho ou uma vozinha, pedir para rezar uma missa para tal pessoa, ou para tal alma? Ou trazer junto de si, o rosário da Virgem Maria e a cruz em seu ponto riscado?
Seria possível então modificar tradicionais pontos cantados, retirando deles todos os nomes de santos católicos ou menção ao cristianismo? Pontos esses cantados e ensinados pelos próprios Guias espirituais.
Para mim seria inconcebível olhar o meu altar e não ver a imagem de Jesus Cristo, representando Pai Oxalá: ambos sendo o espírito de Deus, Zambi, Olorum na Terra. Aquele que em nome do Pai Maior vem socorrer seus irmão sofredores.
Já é hora de pararmos de rotular nossa religião.  De dizermos abertamente à quem nos perguntar: “somos umbandistas, sim!”
Contudo, fico pensando: será que falam que a Umbanda é Cristã para ela ser aceita pela sociedade de maioria Cristã?
Quem conhece a Umbanda, a aceita como ela é!
Com sua caridade, sua fé sem preconceitos, aceitando à todos os que a procuram, seja, encarnado ou desencarnado. À procura de ajuda, ou oferecendo trabalho.
Para que mudar o que já nasceu belo?
 E é belo, por que é como é.


Janaina de Souza. 

segunda-feira, 21 de março de 2011

História da Umbanda (Resumo) 1° Aula de Desnvolvimento Mediúnico da TU Pai João da Caridade 2006)

- História da Umbanda:

Zélio Fernandino de Moraes fundou a Umbanda em 15 de novembro de 1908, através do Caboclo das Sete Encruzilhadas, numa mesa Kardecista, aos 17 anos. Depois de ter sido dado como louco pelos seus familiares, e depois ter passado por dois exorcismos, por ter sido considerado encapetado. Não tendo resultado um amigo da família, indicou a então recente Federação Kardecista. E lá se deu a manifestação do Caboclo, que contou sua história, de em uma de suas reencarnações, havia sido um padre jesuíta e que esteve no Brasil. E morrera queimado na Inquisição considerado bruxo, por ter previsto o terremoto que se deu em Lisboa. E então anunciou o inicio de uma nova religião: A Umbanda.

PALAVRAS DO CABOCLO: “Se é preciso que eu tenha um nome, digam que sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, pois não há caminhos fechados para mim”.

- Zélio nasceu em 10 de abril de 1892, em São Gonçalo das Neves - RJ. Filho de Joaquim Fernandino Costa (oficial da marinha) e Leonor de Moraes. Desencarnou em 03 de outubro de 1975.
Suas filhas Zélia e Zilméia, continuaram com o seu trabalho, na Tenda Nossa Senhora da Piedade, o primeiro terreiro de umbanda, que existe até hoje, com a direção de Zilméia, que está com seus 90 anos de idade. Depois de sua fundação, foram fundadas mais de 10000 tendas enquanto Zélio esteve encarnado.
- Após 55 anos de trabalho, Zélio, entregou a Tenda para suas filhas. Mais tarde, junto a esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa e aparelho do Caboclo Roxo, fundaram a Cabana Pai Antonio, no distrito de Boca do Mato, município de Cachoeira de Macacu – RJ.
- Pai Antonio, preto-velho que Zélio incorporava, foi à primeira entidade a introduzir elementos físicos à Umbanda, que foi o cachimbo (ou cachimba, como ele mesmo dizia) e depois a guia.

PALAVRAS DO CABOCLO: “Vim para fundar a Umbanda no Brasil, aqui se inicia um novo culto, em que os espíritos de pretos velhos africanos e índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados. Qualquer que seja a cór, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno será a principal característica desse culto”.

- Os espíritos de preto-velhos, índios, caboclos etc., não tinham onde mostrar seus conhecimentos, nem praticar a caridade, pois, os candomblés não aceitavam a incorporação de tais espíritos, porque os mesmos para eles eram eguns (espíritos dos mortos). Exceto nos chamados Candomblés de Caboclo, mas também não eram lugares apropriados, pois fugia da proposta de caridade, que mais tarde seria feita com a Umbanda. Nas mesas kardecistas, também não eram aceitos, pois esses espíritos eram considerados atrasados, para que pudessem fazer sua caridade, tinham que se apresentar como médicos, padres ou irmãs de caridade, se não eram imediatamente expulsos, considerados como obsessores.
- No plano astral já havia há muito se formado a Umbanda, para mais tarde se apresentar no plano material, através de Zélio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
- Fazendo uma analogia, podemos pensar da seguinte forma: o povo brasileiro é miscigenado. Aqui encontramos as mais diversas raças e crenças, vindas de toda a parte do mundo nada mais justo, a Umbanda ser uma religião genuinamente brasileira.
Os pilares da Umbanda são; os negros africanos, os índios e os brancos. Cada um com sua cultura e fé, trouxeram pra umbandas elementos essenciais e fizeram dela uma religião sem igual.
Com os negros da África, vieram os Orixás, as danças, os batuques e a magia. Dos índios veio o conhecimento das ervas medicinais e magisticas, o conceito de preservação e respeito à natureza, a pajelança. E dos brancos de maioria católica, trouxeram as orações, o conceito de Jesus Cristo, ”amai-vos uns aos outros” e o sincretismo responsável pela preservação da Umbanda. (Sem falar que se os brancos não tivessem vindo para cá, não tivesse trazido os negros como escravos da África, muitos de nós não existiríamos, como somos hoje, e também não existiria a umbanda. Por isso devemos pensar que tudo faz parte de um plano Divino, dentro das Leis Divinas).
Com o tempo e a evolução, vieram os demais espíritos ( ciganos, marujos, baianos, etc.) que se comprazeram da forma do culto e quiseram, participar  trazendo seus conhecimentos e evoluindo junto a nós. Todos dentro da Lei de Umbanda, praticando a caridade.

  • A Umbanda são todas as bandas em uma, é o todo em um.
É a egrégora que reina no céu do Brasil. Todas essas entidades que “baixam” na nossa Umbanda, só o fazem de acordo com a Lei Suprema.

- A Umbanda pode ser considerada uma religião ecumênica, pois não faz distinção de crença, desde que essa crença seja baseada no amor em Deus e ao próximo. Todos os espíritos sendo para ajudar ou pedir ajuda são bem vindos, porque a caridade não é feita só com os encarnados, mas também com os desencarnados. É uma religião sincrética, reencarnacionista, espiritualista, não dogmática; que tem seus fundamentos na caridade desinteressada, no amor ao próximo, no culto aos Orixás e na mediunidade. Sendo uma religião sem dogmas, não existe um ponto fundamental, dando um exemplo das religiões cristo judaica: “Se for bom vai pro céu, se for mal vai pro inferno”. Dentro dela reúnem-se várias crenças. Mas é uma religião pragmática, pois possui um conjunto de regras e formalidades que devem ser seguidas e respeitadas.


RELIGIÃO: Do grego RELIGARE = RELIGAR.
O sentido primitivo da palavra religião, é o de religar o ser humano a Deus, ou a uma Força Maior, criadora de tudo: onipotente, onipresente, onisciente.
Se todos nós viemos Dele, um dia voltaremos a Ele. Então, enquanto isso, o ser humano encontra na religião ou no RELIGARE, um meio de estar mais próximo a Ele.
- As religiões, foram criadas pelo homem moderno de acordo com sua cultura, locais onde moravam e vontades de seus corações.
Há milhares de anos atrás antes de Cristo, não existia o conceito de religião como conhecemos hoje. O que existia era a cultura de um povo e um conceito do que era Sagrado. E tudo era sagrado e Divino: o ser humano e a natureza faziam parte um do outro. Tudo era visto como obra divina de um Ser Superior, e em tudo Ele estava.
Através de suas Divindades, com seus diversos nomes.
- Mas porque hoje existem tantas religiões?
Primeiro porque Deus permitiu. Depois porque com o crescimento populacional do planeta, com a evolução do ser humano, ficou difícil todos terem o mesmo modo de pensar. Até porque Deus nos deu o livre-arbítrio e raciocínio. Por tanto somos diferentes uns dos outros. Mas a essência de toda religião é a mesma: estar mais próximo de um ser Superior e criador; purificarem-se, conhecer-se como ser divino, amor, e evoluir para um dia voltar a Ele.
Eu costumo dizer que as religiões, são as diversas chaves que Deus tem, para abrir e entrar nos corações dos seres humanos. Porque cada coração tem uma fechadura diferente.
- Não existe religião certa ou errada, o que existe são os bons e os maus religiosos.
Toda religião e todo ser humano carrega em si a verdade. Então não adianta discutir, brigar ou querer forçar o outro a acreditar no que você acredita. A intolerância religiosa existe, mas pra que fazermos parte dela. Não é uma competição de quem é melhor, ou de quem vai pro céu ou pro inferno.
 “É na diversidade que encontramos a unidade”. E a unidade é Deus.
- O auto conhecimento, é muito importante para o ser humano. E principalmente para uma pessoa que segue uma religião espiritualista, como a Umbanda. Saber seus defeitos e tentar amenizá-los. Saber suas qualidades e destacá-la, trabalhá-las. Saber seus limites e necessidades como seres físicos e espirituais. Tudo isso é muito importante para um “RELIGARE”, mais sincero e perfeito.
- Como praticar o “RELIGARE”? Com fé, devoção, disciplina moral, mental e física; respeitar a natureza e o seu semelhante, praticar o bem e a caridade e orar.
A oração é um excelente modo de religare. Afasta-nos dos maus pensamentos, disciplinando o nosso mental, carrega as baterias da nossa alma e dos nossos protetores, afasta as negatividades e nos faz estar mais próximos de Deus. Uma oração sincera e diária. Não apenas quando está aflito, com problemas. Pois devemos nos ligar a Deus e suas Divindades todos os dias.


Janaína de Souza

FONTES:

  • Alguns trechos desse texto foram lições passadas para mim, em sonho, ou até mesmo acordadas por minhas Mentoras: Vovó Cambinda da Guiné e Rosana.
  • As partes a qual fala sobre a historia da umbanda foi retirada de um texto da apostila de Teologia de Umbanda, ministrada por Alexandre Cumino, que por sua vez colheu depoimento de viva voz do Babalawô Ronaldo Linhares, presidente da Federação umbandista do Grande ABC e do Santuário Nacional de Umbanda, esse que teve anos de amizade e convivência com Zélio Fernandino de Moraes e sua família.
  

sábado, 19 de março de 2011

Sete Linhas de Umbanda.

As Sete Linhas De Umbanda

2/3/2010 10:17:24
Sete linhas de Umbanda:

Existe uma series de explicações de vários autores Umbandistas a cerca das Sete Linhas de Umbanda. Eu entendo que as Sete Linhas são as sete vibrações divinas, regidas por elementos da natureza, fazes da vida, sentimentos e ensinamentos Divinos, e por Sete Orixás Maiores. Como tudo é regido por sete no Universo: sete cores do arco-íris, sete notas musicais, sete pecados capitais, sete chácras principais etc. E tudo vem de Deus
Segue as sete linhas como eu as entendo:

Linha Etérea, ou regida por Oxalá: É a primeira linha, o patamar mais auto, o divino. Onde se encontram todos os seres maiores de luz. Oxalá, Jesus, Buda... Deus Único.
Linha do conhecimento universal, da criação, da sabedoria divina. Do branco. Onde se encontra todo o sagrado. Da onde tudo vem e para onde tudo vai. São todas as linhas numa só.

Linha das Águas: regida por Yemanjá: Nela se encontra todos os orixás femininos das águas, Oxum (dos rios, cachoeiras, riachos, águas doces corrente em geral), Nanã (orixás dos lagos, fontes, lagoas, poços, águas que não correm). Todas as entidades e elementais, tantos de água doce como de água salgada. Ondinas, sereias. Etc... Linha do principio feminino. Da concepção, da maternidade, da beleza, sensualidade. Tudo nasceu da água. Na linha das águas também entram os guias como Marinheiros e Marujos, que também podem obedecer aos respectivos orixás de cabeça dos médiuns. Caboclas das águas, apesar de o comando geral de todos os caboclos ser de Oxosse.

Linha de Ogum ou da Lei Divina: Regida por Ogum o orixá guerreiro e ferreiro. Também engloba Iansã orixá guerreira e das tempestade, que aparece também na linha de Xangô. Seu elemento e o ar e seus locais são os caminhos, seja de terra, estradas, estradas de ferro etc. nela estão todos os espíritos caminheiros, como boiadeiros e guerreiros. Na Umbanda também os Exus de Lei são comandados pelo Orixá Ogum. Esses são os poderes executivos da Lei. Os Exus de Lei trabalham nas Trevas a favor da Luz. Todo o conhecimento de trabalhos de ferro, armamentos são creditados a Ogum, o Metalúrgico de Aruanda.

Linha da Justiça Divina ou de Xangô: Regida pelo Orixá Xangô o Rei da Justiça Divina, do fogo Sagrado, do Raio e do Trovão, das Pedreiras e Cachoeiras de altas quedas. Junto a ele Está também Iansã, nas tempestades, nos ventos, pois essa também compartilha de seu poder. Seu elemento é o fogo.

Linha de Oxosse ou das Matas: Regida pelo Orixá Oxosse, o caçador. Comanda os caboclos de penas. Essa linha rege o conhecimento prático, a verdade, a cura através das ervas, protetor as das matas e animais selvagens. Linha da Prosperidade e fartura. Caçador de Almas perdidas.

Linha dos Erês: Regida por Ibeji, orixá infantil, na mitologia africana são os gêmeos filhos de Iansã. Comandante das nossas amadas crianças ou Erês, espíritos de aspecto infantil, que se apresentam como crianças de variadas idades, raças e temperamentos. Nessa linha impera a alegria, a inocência da infância, o frescor da juventude e a sabedoria infantil. Suas cores são diversas, predominando sempre rosa e o azul claro, seus elementos também são diversos de acordo com cada orixá de cabeça.

Linha das Almas ou de Obaluaê/ Omulú: Regida pelo Orixá Obaluaê / Omulú, o novo e o velho. Da cura de doenças graves, da morte, guardiões dos portais de passagem, seu campo sagrado é o cemitério. Também engloba a Orixá Nanã Buruque a mais velha, a anciã, aquela que espreita a morte e dita o destino. Linha da transformação e da transmutação. Comandante das linhas dos pretos e pretos velhas, os Baianos, Malandros, Cangaceiros etc. Eguns (espíritos dos mortos). Nessa linha também encontramos os espíritos de cura como Bezerra de Menezes, e os chamados “espíritos de mesa branca”. Rege a ancestralidade, o conhecimento profundo e oculto, a cura, a humildade. E o fim, para um novo recomeço. 


Por: Janaína de Souza


 *Lembrando que essa é a minha visão. Gostaria que os visitantes colocassem comentarios. Correções, adições etc...
Que Oxalá abençoe a todos.

 

POMBAGIRAS: POMBA GIRA MARIA QUITÉRIA

POMBAGIRAS: POMBA GIRA MARIA QUITÉRIA: "POMBA GIRA MARIA QUITÉRIA TEXTO DE CLAUDIA BAIBICH E afinal quem são as 'Marias Quitérias'? São uma falange composta de espíritos que a..."

POMBAGIRAS: POMBA GIRA GUARDIÃ MARIA NAVALHA?

POMBAGIRAS: POMBA GIRA GUARDIÃ MARIA NAVALHA?: "TEXTO DE CLAUDIA BAIBICH NAVALHA: UMA MALANDRA OU UMA POMBA GIRA? - AMBAS! MARIA NAVALHA é o nome adotado por muitos espíritos com apresen..."

sexta-feira, 18 de março de 2011

O Filósofo e o Preto Velho
Texto do Jornal Nacional de Umbanda

Certo dia, um filósofo adentra a uma tenda de umbanda e senta-se no banquinho de um preto velho. Sua intenção era questionar, investigar; enfim, experimentar.
Ao se sentar, o preto velho já sabia o que ele queria, mas mesmo assim saudou-o gentilmente e perguntou em que poderia ajudar. O filósofo respondeu:
_ Meu preto velho, na era da biotecnologia vemos os cientistas avançarem cada vez mais nas pesquisas referentes à manipulação do material genético humano. Além disso, estamos na era do multiculturalismo, de forma tal que a diversidade, inclusive no sentido intelectual, se faz cada vez mais presente. Pergunto eu: _ o que pode um preto velho dizer sobre assuntos de tamanha complexidade?
Preto Velho, com toda sua calma, respondeu gentilmente ao filósofo:
Misin fio, vós suncê (Sic) tem palavra bonita na boca, por causa de que tu és homem letrado (Sic). Nego véio cá, num estudou nem escrevinhou essas coisa. Mas daqui do meu cantinho, aonde os ventos de Aruanda tocam em meus ouvidos, recebo as notícias que vem da Terra. Vejo também com meus próprios olhos e presencio as lágrimas e sorrisos que brotam como flores e espinhos no âmago de meus filhos.
Vou dizer a vós suncê uma coisa. Esse bicho chamado “biotecnologia”, eu sei muito bem como funciona. Misin fio, [bio] vem do grego “bios” = vida. “Téchne” e “Logos” também vem do grego, fio. Logo, biotecnologia é o conhecimento sobre as práticas (manipulação) referentes à vida.
Assim sendo, nego véio é a favor de tudo que respeita a vida e que é usado para o bem. O bem, não só de si mesmo, mas da humanidade. Uma faca pode ser uma ferramenta de cozinha e ajudar a preparar um alimento. No entanto, a mesma faca pode ser uma arma a machucar alguém. Não é a ferramenta, mas sim o que se faz com ela que torna perigosa a humanidade.
Pasmo, o intelectual não sabia o que dizer, tamanha sua surpresa sobre tão sábias palavras. E não só isto, o conhecimento até sobre a origem das expressões que vem do grego, aquela humilde entidade possuía.
Por alguns segundos sentiu um misto de inveja e indignação, uma vez que pensou ser mais conhecedor sobre as coisas da vida que o Preto Velho. Daí então indagou:
_ Você acha que suas opiniões podem superar a luz da ciência? Este, respondeu:
_ Fio, o que nego véio fala, nego véio comprova, pois este nego vivenciou. Caminhou na terra que vós suncê pisa hoje. Sorriu, chorou, se emocionou, amou. Conviveu com homens de bem e também com homens do mal. Fez suas escolhas e por isso é hoje um espírito guia. E só pude aqui chegar porque acertei na maioria das escolhas que fiz. Naquelas em que não acertei, tive que vivenciar novamente, até aprender. Assim como vós, na Terra.
Quanto aos estudos (risos), esse nego véio aqui não frequentou escola na última encarnação. Mas, das muitas encarnações que tive, eu estudei, me formei e, em algumas delas me doutorei. A medicina chinesa, a filosofia grega, a sabedoria hindu; tudo isso fez parte da minha evolução. Da matemática egípcia até os estudos astronômicos de Galileu pude aprender.

E depois de aprender tudo isso, sabe qual o maior ensinamento que obtive misin fio?!
A ter h –u- m- i- l- d- a- d- e.

Por isto, doutor, vós me vês na aparência de um velho escravo brasileiro,
semeador das raízes deste lindo país chamado Brasil, terra da diversidade, da multi culturalidade.
Que cada um formule a sua moral da história.
Porém, questione seus conhecimentos e veja se estão alinhados com os propósitos de simplicidade.
Pois sem ela, não se faz jus a benção do saber.


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"Umbanda é Religião, portanto só pode fazer o BEM !!

 

O PODER DOS MÉDIUNS

 
O Poder dos Médiuns - A ciência comprova que o cérebro deles é diferente


A edição da Revista ISTOÉ trás uma reportagem sobre Médiuns / Mediunidade.

Como a ciência justifica as manifestações de contato com espíritos e por que algumas pessoas desenvolvem o dom
por Suzane Frutuoso fotos Murillo Constantino
O espiritismo é seguido por 30 milhões de pessoas no mundo. O Brasil é a maior nação espírita do planeta. São 20 milhões de adeptos e simpatizantes, segundo a Federação Espírita Brasileira – no último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2,3 milhões declararam seguir os preceitos do francês Allan Kardec, o fundador da doutrina. A mediunidade, popularizada pelas psicografias de Chico Xavier, em Uberaba (MG), ganhou visibilidade nos últimos anos na mesma proporção em que cresceu o espiritismo. Mas nada se compara ao poder da mídia atual, que permite debater os ensinamentos da religião por meio de livros, programas de tevê e rádio. Os romances com temática espiritualista de Zíbia Gasparetto, por exemplo, são presença constante nas listas de mais vendidos.
Embora não haja estatísticas de quantos entre os praticantes são médiuns, o que se observa é uma quantidade maior de pessoas que afirmam possuir o dom. O interesse pela religião codificada por Kardec é confirmado pelo recorde de público do filme Bezerra de Menezes – o diário de um espírito, do cineasta Glauber Filho: 250 mil espectadores, desde o lançamento nos cinemas, em 29 de agosto. Um número alto para uma produção nacional. O longa, com o ator Carlos Vereza (também praticante do espiritismo) no papel-título, conta a história do cearense que ficou conhecido como "médico dos pobres", se tornou ícone da doutrina e orienta médiuns em centenas de centros a se dedicar ao bem e à caridade.
PSICOGRAFIA
Instrumento por meio dos livros
A psicóloga Marilusa Vasconcelos, 65 anos, de São Paulo, é conhecida no espiritismo pela sua vasta literatura psicografada. Em 40 anos de dedicação à mediunidade, publicou 61 livros. Seu orientador é o espírito do poeta Tomás Antonio Gonzaga, que participou da Inconfidência Mineira. A dedicação à psicografia levou Marilusa a fundar em 1985 a Editora Espírita Radhu, sigla para renúncia, abnegação, desprendimento e humildade, a base dos ensinamentos na doutrina. Ela reúne outros dons, como ouvir, falar e enxergar espíritos e ser instrumento deles na pintura mediúnica. "Os vários tipos surgiram desde a infância", conta Marilusa, que nasceu numa família espírita. "O controle da mediunidade é indispensável. O médium não é joguete do espírito. Eles interagem, num acordo mútuo de tarefa."
Os espíritas dizem que todas as pessoas têm algum grau de mediunidade. Qualquer um seria capaz de emitir pensamentos em forma de ondas eletromagnéticas que chegariam a outros planos. O que torna algumas pessoas especiais, segundo os praticantes, a ponto de se transformarem em canais de comunicação com os mortos, é uma missão – designada antes mesmo de nascerem, determinada por ações em vidas anteriores e que tem na caridade o objetivo final. "É uma tarefa em favor da evolução de si mesmo e da ajuda ao próximo", diz Julia Nesu, diretora do departamento de doutrina da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Fenômenos relacionados a pessoas que falavam com mortos e envolvendo objetos que se mexiam são relatados desde o século XVII, tanto na Europa quanto nas Américas, mas hoje cientistas tentam compreender o fenômeno. Algumas linhas de pesquisa mostram que o cérebro dos médiuns é diferente dos demais.
São cinco os meios de expressão da mediunidade. A psicografia, que consagrou Chico Xavier, é a mais conhecida. Nela, o médium escreve mensagens e histórias que recebe de espíritos. Estaria sob o controle deles o que as mãos transcrevem. A vidência permite enxergar os mortos que não conseguiram se desvencilhar da Terra ao não aceitarem a morte ou que aparecem para enviar recados a entes queridos. Na psicofonia, o sensitivo é capaz de ouvir e reproduzir o que os espíritos dizem e pedem. A psicopictografia, ou pintura mediúnica, permite ao médium ser instrumento de artistas desencarnados (termo usado pela doutrina para designar mortos). A mediunidade da cura é responsável pelas chamadas cirurgias espirituais. Não é incomum um mesmo indivíduo reunir mais de um tipo de dom.

VIDÊNCIA
Ver e auxiliar aqueles que estão em outro plano
Aos cinco anos, o chefe de faturamento hospitalar Ivanildo Protázio, de São Paulo, 49 anos, pegava no sono com o carinho nos cabelos que uma senhora lhe fazia todas as noites. Descobriu tempos depois que era a avó, morta anos antes. Aos 19 anos, os espíritos já se materializavam para ele."Nunca tive medo. Sempre me pareceu natural." A mãe, que trabalhava na Federação Espírita, o encaminhou para as aulas em que aprenderia a lidar com o dom. Hoje, Protázio é professor de educação mediúnica. Essa é uma parte da sua missão. A outra é orientar os espíritos que lhe pedem auxílio para entender o que aconteceu com eles. A oração é o remédio. "Os espíritos superiores me ensinaram a importância da caridade para nossa própria evolução."
A reportagem de ISTOÉ presenciou uma manifestação mediúnica em Indaiatuba, interior de São Paulo. O tom de voz baixo e os gestos delicados de Solange Giro, 46 anos, sugeriam que ela carrega certa timidez ao expor a própria vida numa conversa com um estranho. Cerca de duas horas depois, porém, é difícil acreditar no que os olhos vêem. Diante de uma tela em branco, sobre uma mesa improvisada com dezenas de tubos de tinta, a mulher começa a pintar um quadro na seqüência de outro. O tempo gasto em cada um não passa de nove minutos. As obras são coloridas e harmoniosas. "Nunca fiz aula de artes. Mal conseguia ajudar meus filhos com os desenhos da escola", diz, minutos antes da apresentação. A discreta Solange dá lugar a uma pessoa que fala alto, canta e encara os interlocutores nos olhos, com ar desafiador. A assinatura nas telas não leva seu nome, mas de artistas famosos – e já mortos –, como Monet, Mondrian e Tarsila do Amaral. Seria uma interpretação digna de uma atriz? Talvez. O que difere o momento de uma encenação é subjetivo e dá margem a dezenas de explicações – convincentes ou não. Talvez seja possível encontrar respostas no que a artista diz a cada uma das pessoas da platéia presenteadas com um dos dez quadros produzidos na noite. Enquanto entregava a obra, ela desferia características e situações de vida de cada um absolutamente desconhecidas dela. O mentor que a guia é o médico holandês Ernst, que viveu no século XVII. A sensitiva garante que era ele, não ela, quem estava presente na pintura dos quadros.
Nem sempre é fácil aceitar a mediunidade, que pode causar medo quando começa a se manifestar. "Ainda hoje não gosto quando vejo o possível desencarne de alguém. Nestas horas, preferia não saber", conta a psicóloga Marilusa Moreira Vasconcelos, 65 anos, de São Paulo, que psicografa. O médium de cura Wagner Fiengo, analista fiscal paulistano, 37 anos, chegou a se afastar da doutrina. "Aos 13 anos não entendia por que presenciava aquilo." Para manter a sanidade e o equilíbrio, as pessoas que possuem dons e querem fazer parte da religião espírita precisam se dedicar à educação mediúnica. O curso leva cinco anos. Inclui os ensinamentos que Allan Kardec compilou no Livro dos Espíritos – a obra que deu base ao entendimento da doutrina – e no Livro dos Médiuns – que explica quais são os tipos de mediunidade, como eles se manifestam e os cuidados a serem tomados. Entre eles, o combate a falhas de comportamento, como vaidade, orgulho e egoísmo. O Espiritismo prega que as imperfeições da personalidade atraem espíritos com a mesma vibração. "O pensamento é tudo. Aqueles que pensam positivo atrairão o que é semelhante. O mesmo acontece com o pensamento negativo e os vícios. Quem gosta de beber, por exemplo, chama a companhia de espíritos alcoólatras", afirma o professor de educação mediúnica Ivanildo Protázio, 49 anos, de São Paulo, que tem o dom da vidência.
PSICOFONIA
Falar o que os espíritos querem dizer
A intuição do servidor público Geraldo Campetti, 42 anos, de Brasília,começou na infância. Ele tinha percepções inexplicáveis, das quais mais ninguém se dava conta. Era como se absorvesse sentimentos que não eram seus. Apenas identificava que existia algo além do que seus olhos enxergavam. Até que as sensações começaram a tomar forma. Campetti passou a ouvir súplicas de ajuda. De espíritos, inconformados com a morte. Aos 29 anos, não se assustou. De família espírita, conhecia a mediunidade. "Mas sabia que precisava estudar para manter o equilíbrio", diz. Hoje diretor da Federação Espírita Brasileira, afirma ter controle sobre o dom de ouvir e transmitir recados dos mortos
. Eventualmente, um espírito pede uma mensagem à pessoa com quem ele conversa. "Isso é espontâneo, não da minha vontade."
Imaginar que convivemos no cotidiano com pessoas que estão mortas vai além da compreensão sobre a vida – pelo menos para quem não acredita em reencarnação. Mas até na ciência já existem aqueles que conseguem casar racionalidade com dons espirituais. Esses especialistas afirmam que a mediunidade é um fenômeno natural, não sobrenatural. E que o mérito de Allan Kardec foi explicar de maneira didática o que sempre esteve presente – e registrado – desde a criação do mundo em todas as religiões. O que seria, dizem os defensores da doutrina, a anunciação do Anjo Gabriel a Maria, mãe de Jesus, se não um espírito se comunicando com uma sensitiva?
Apesar desse contato constante, os mortos, ou desencarnados, como preferem os espíritas, não aparecem em "carne e osso". A ligação com o mundo dos vivos seria possível graças ao perispírito, explica Geraldo Campetti, diretor da Federação Espírita Brasileira. "Ele é o intermediário entre o corpo e o espírito. A polpa da fruta que fica entre a casca e o caroço." O perispírito seria formado por substâncias químicas ainda desconhecidas pelos pesquisadores terrenos, garantem os adeptos do espiritismo. "É a condensação do que Kardec batizou como fluido cósmico universal", afirma o neurocirurgião Nubor Orlando Facure, diretor do Instituto do Cérebro de Campinas. Nas quatro décadas em que estuda a manifestação da mediunidade no cérebro, Facure mapeou áreas cerebrais que seriam ativadas pelo fluido.
CURA
Cirurgias sem dor nem sangue
O primeiro espírito a se materializar para o analista fiscal Wagner Fiengo, 37 anos, de São Paulo, foi de um primo. Ele tinha dez anos, teve medo e se afastou. Mas, na juventude, um tio, seguidor da doutrina, avisou que era hora de ele se preparar para a missão que lhe fora reservada. Por meio da psicografia, seu guia espiritual, o médico Ângelo, informou que teriam um compromisso: curar pessoas. Ele não foi adiante. Uma pancreatite surgiu sem que os médicos diagnosticassem os motivos. Há quatro anos, seu guia explicou que as doenças eram ajustes a erros que Fiengo havia cometido numa vida passada. A missão era a forma de equilibrar a saúde e a alma. Em 2004, iniciou as cirurgias espirituais. Ele diz que não é uma substituição ao tratamento convencional. "É um auxílio na cura de fatores emocionais e físicos."
Comprovar cientificamente a mediunidade também é objetivo do psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira, professor de medicina e espiritualidade da Faculdade de Medicina da USP e membro da Associação Médica-Espírita de São Paulo. Com exames de tomografia, ele analisou a glândula pineal (uma parte do cérebro do tamanho de um feijão) de cerca de mil pessoas. "Os testes mostraram que aqueles com facilidade para manifestar a psicografia e a psicofonia apresentam uma quantidade maior do mineral cristal de apatita na pineal", afirma Oliveira. Ele também atende, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, casos de pacientes de doenças como dores crônicas e epilepsia que receberam todos os tipos de tratamento, não tiveram melhora e relatam experiências ligadas à mediunidade. "Somamos aos cuidados convencionais, como o remédio e a psicoterapia, a espiritualidade, que vai desde criar o hábito de orar até a meditação. E os resultados têm sido positivos." Uma pesquisa de especialistas da USP e da Universidade Federal de Juiz de Fora, publicada em maio no periódicoThe Journal of Nervous and Mental Disease, comparou médiuns brasileiros com pacientes americanos de transtorno de múltiplas personalidades (caracterizado por alucinações e comportamento duplo). Eles concluíram que os médiuns apresentam prevalências inferiores de distúrbios mentais, do uso de antipsicóticos e melhor interação social.
A maior parte dos cientistas acredita que a mediunidade nada mais é do que a manifestação de circuitos cerebrais. Alguns já seriam explicáveis, como os estados de transe. Pesquisas da Universidade de Montreal, no Canadá, e da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, comprovaram que, durante a oração de freiras e monges católicos, a área do cérebro relacionada à orientação corporal é quase toda desativada, o que justificaria a sensação de desligamento do corpo. Os testes usaram imagens de ressonâncias magnéticas e tomografias feitas no momento do transe.
A teoria seria aplicável ao transe mediúnico, quando o médium diz incorporar o espírito e não se lembra do que aconteceu. Pesquisadores da Universidade de Southampton, na Inglaterra, estudaram pessoas que estiveram entre a vida e a morte e relataram se ver fora do próprio corpo durante uma operação ou entrando em contato com pessoas mortas. Os estudiosos concluíram se tratar de um fenômeno fisiológico produzido pela privação de oxigênio no cérebro. Trabalhando sob stress, o órgão seria também inundado de substâncias alucinógenas. As imagens criadas pela mente seriam apenas a retomada de percepções do cotidiano guardadas no inconsciente.

PSICOPICTOGRAFIA
Milhares de quadros pintados
Criada numa família católica, Solange Giro, 46 anos, de Parapuã, interior de São Paulo, teve o primeiro contato com o espiritismo aos 20 anos, ao conhecer o marido. Ele, que perdera uma noiva, buscava o entendimento da morte. Já casada e com dois filhos, passou a sofrer de depressão. Encontrou alívio na desobsessão (trabalho que libertaria a pessoa de um espírito que a domina). A mediunidade dava os primeiros sinais. Logo passou a ouvir e ver espíritos. O dom da psicografia veio em seguida. Era um treino para ser iniciada na pintura mediúnica. "Pintei cinco mil quadros no primeiro ano. Estão guardados. Não tive autorização para mostrálos", conta Solange, que diz nunca ter estudado artes. Nos últimos 13 anos, ela recebeu aval de seu mentor para vender os quadros. O dinheiro é revertido para a caridade.
O psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira rebate a incredulidade. "Se uma pessoa está em cirurgia numa sala e consegue descrever em detalhes o que ocorreu em um ambiente do outro lado da parede, é possível ser apenas uma sensação?" Essa é uma pergunta que nenhuma das frentes de pesquisa se arrisca – ou consegue – a responder com exatidão. Da mesma maneira que todos os presentes à sessão de pintura em Indaiatuba saíram atônicos, sem conseguir explicar como alguém que conheceram numa noite foi capaz de decifrar suas angústias mais inconfessáveis.

Comments

Bem Vindos!

O blog da TU Pai João da caridade está de cara nova e em construção.
Pesso a paciencia de todos, pois em breve iremos postar o calendário de 2011. Textos interessantes sobre a nossa amada Umbanda, e muito mais.
Aguardem...