Olá caros irmãos de fé, amigos e leitores.
A TUPJC desde o ano passado incluiu em seu calendério, na última gira do mês de Março, uma festa em homenagem aos Malandros, a pedido de Seu Zé Malandro para homenagear Seu Zé Pelintra.
Os malandros de Umbanda são espiritos que em vida sofreram algum tipo de preconceito exclusão, foram marginalizado e tidos como párias da sociedade, e nem por isso perderam a sua Fé, sua identidade e nem o bom humor. Tendo assim algum nível de evolução espiritual. Sendo a eles permitdido após o desencarne, a baixar nos terreiros, trazendo a Luz Divina do Astral e assim continuando sua evolução.
Eles nos ensinam também a lidar com o preconceito, com a exclusão, nos faz refletir sobre esses temas, ainda hoje tão presentes em nosso dia- a -dia. Eles nos mostram a flexibilidada, a adaptação a determinadas situaçãoes. Nos ensina a ter jogo de cintura e bom humor, mesmo nas adversidades. E também a manter a fé mesmo nos momentos mais difíceis da vida. Pois de alguma forma, em algum momento de suas vidas terrenas, eles vivenciaram tudo isso e hoje podem nos auxiliar.
Os Malandros nos ensinam: ●que a vida é
feita de experiências e toda experiência visa a nos ensinar algo de
positivo; ●que não há obstáculos insuperáveis, pois isso nos condenaria à
destruição, o que é inconcebível porque não há “morte” em nenhum ponto
do Universo e sim, transformações que promovem renovação e evolução
constantes; ●que é preciso confiar nas Leis da Vida e manter a alegria e
o bom humor, para estar em sintonia com faixas vibratórias positivas e
atrair a cura espiritual, emocional, mental e física, pois todo filho de
Deus é um co-criador.
A grande “malandragem” que eles nos
ensinam é como sermos flexíveis, nos desapegando e abrindo mão de idéias
antigas, para nos renovarmos a cada dia; encarar a vida com leveza, sem
guardar rancores e levar tudo para o campo pessoal; não perder o humor e
estragar um dia por causa de um obstáculo, por maior que pareça;
aprender com os próprios erros, para não repeti-los, pois quem anda
atento na vida não vive caindo em buraco...
No aspecto social, a Linha dos
Malandros simboliza a inclusão de negros, mulatos e mestiços que viviam
marginalizados em nossa sociedade desde o período pós-abolição. Claro
que os Espíritos que tiveram uma encarnação assim, como excluídos,
continuaram evoluindo e não precisam ser “incluídos em nosso meio
social”. Nós é que precisamos refletir sobre as exclusões que já
aconteceram e ainda acontecem por aqui, baseadas em preconceitos, para
não repeti-las. E só alcançaremos isso a partir de uma conduta fraterna e
de respeito integral ao “outro”. Por outro lado, a presença desses
Espíritos nos Terreiros de Umbanda, acolhendo a todos com sua alegria e
suas magias, é um braço de atração dos mais humildes, que se identificam
com essa maneira despojada de ser, despertam a autoconfiança e podem
melhor se expressar e progredir. Existiria melhor exemplo de “aprender
com os erros”?
Quanto à questão social, vale lembrar
que a “abolição” da escravatura não pôs fim ao preconceito racial.
Historicamente, continuou existindo em nosso país um preconceito velado
em relação aos homens e mulheres de pele negra, aos mulatos e aos
mestiços.
Quando se fala em “malandro”, na
linguagem cotidiana, a primeira idéia que nos ocorre é a do boêmio, do
jogador inveterado de cartas ou de dados, do amante da noite, da música e
das rodas de danças, que vivia de expedientes, carregava navalha ou
faca e fugia da polícia.
O “malandro” carioca faz lembrar
aquele que vivia na Lapa, que gostava de samba e passava as noites na
gafieira, chegando a ser personagem de peças teatrais, de músicas e de
muitas histórias. Já o “malandro” de Pernambuco vivia nas danças do côco
e do xaxado, passando as noites no forró. O que eles têm em comum? Eram
todos marginalizados pela sociedade, vistos como “gente à toa”. Porém,
sobreviveram a esse clima adverso, vivendo sem acesso a uma boa
instrução ou a bons empregos; nem sempre conseguiram, senão com muita
dificuldade, dar alguma instrução aos filhos. Nem por isso perderam a
alegria, o gosto pela música e pela dança, pelo carteado, pela conversa
noite adentro, de alguma forma conseguindo manter suas raízes religiosas
e tradições ancestrais, dando “um jeitinho” de ser felizes.
Por trás dos arquétipos da Umbanda,
vamos encontrar, no mais das vezes, a Mão da Espiritualidade Superior a
corrigir grandes equívocos e injustiças sociais e a nos fazer refletir,
enquanto nos auxilia nos problemas do cotidiano. E hoje temos, na
presença da Linha de Malandros, uma excelente oportunidade de refletir
sobre algumas questões, em especial: primeiro, que nem tudo que parece
ruim de fato o é; e segundo, que de tudo se pode extrair algo de bom e
de positivo. Do que poderia ter sido uma experiência de todo ruim, esses
Espíritos extraíram uma lição de flexibilidade. E aquilo que para uma
sociedade hipócrita parecia ser neles um mal era, muito ao contrário, a
prova de valor de um povo que manteve fidelidade às suas raízes e não se
deixou vencer pelo meio hostil.
Os Malandros vêm até nós, pelas Mãos
do Alto, para nos ensinar “a boa malandragem”: fazer limonada com os
limões azedos que recebemos dos outros; escorregar e levantar rapidinho,
sem perder a compostura e a elegância, e já sair dançando e cantando;
aprender jogar “o jogo da vida” e ser um bom parceiro de jogo,
aprendendo a rir das tristezas e de si mesmo; assumir ser o que se é,
sem hipocrisias, e fazer todo o Bem que se possa; não se prender a
padrões e valores externos, mas ficar centrado em si mesmo e na sua Fé,
sem nunca desacreditar da Vida Maior, cujo amparo permeia todos os
nossos caminhos diários.
Pensar que os Malandros podem nos
ensinar tudo isso brincando, de um jeito tão despojado, é o bastante
para se quebrar velho ditado que dizia: ”de onde não se espera é que não
sai nada”. Porque as aparências enganam!...
Uma figura bastante conhecida dentro desta Linha é Seu Zé Pelintra.
Seu Zé, como é conhecido popularmente,
é uma Entidade peculiar, pois tanto se manifesta na Direita quanto na
Esquerda. Na Direita, ele vem como Malandro mesmo, ou como Baiano, ou
ainda como Preto Velho quimbandeiro (isto é, voltado para o corte de
magias negativas). E pode vir na Esquerda, como Exu. Por que será? Ora,
uma das grandes características dos Malandros não é a flexibilidade?
Pois então... Seja como for, ele é um Guia a serviço da Luz.
Já no Catimbó, Zé Pelintra é “doutor”,
é um curador, é um Mestre da Jurema bastante respeitado. Na Jurema,
Seu Zé Pelintra não tem a conotação de Exu, a não ser quando a reunião é
de Esquerda, porque os Mestres da Jurema têm essa capacidade de pode
vir tanto na Direita quanto na Esquerda. Na Esquerda, os Mestres vêm
para cortar o mal.
No Catimbó, Seu Zé usa bengala (que
pode ser qualquer cajado), cachimbo e faz uso ritualístico da cachaça.
Dança côco, baião e xaxado e abençoa a todos, que o abraçam e o chamam
de padrinho.
Porém, não podemos nos esquecer de que
dentro da Linha dos Malandros, como nas demais Linhas de Trabalho da
Umbanda, estão agrupados espíritos que tiveram encarnações diferentes
entre si. O ponto central é sabermos que esses Espíritos não estão
presos a seus antigos nomes e sim, que foram agrupados a partir de suas
afinidades vibratórias e evolutivas e de suas especialidades (campos de
atuação).
Os pontos de força dos Malandros, são distintos dependendo de sua linha de atuação: Subida de morros, ladeiras, encruzilhadas e até cemitérios, coqueiros, esquinas...
Para oferendá-los, costumam-se dar-lhes: cigarros, cerveja, charuto, cachaça, catuaba, jurubeba, coco verde, rapadura, comidas de buteco em geral coisas da bohemia.Rosas e cravos..
Suas cores podem ser diversas, mas mais comunmente utilizam o vermelho e o branco, ou o preto e o branco.
A Malandragem sempre tem um conselho bem humorado, com palavreado faceiro, e certeiro em seus objetivos. Gotam de dança, música, cerveja e alegria. Trabalham para solucionar diversos tipos de problemas.Principalmente de roupos, enganações, negócios enrolados, casos comerciais.
Essa falange tão bonita é chefiada pelo Mestre Zé Pelintra. Tão conhecido nos terreiros e amado por muitos. Protetor daqueles que andam por caminhos da noite da bohêmia e da malandragem num bom sentido. Protetor dos comércios, pra evitar roubos.
Diz a história que Zé Pelintra é afilhado de Ogum, anda sempre de terno de linho branco, gravata vermelha, chapéu branco com uma fita vermelha. Negro charmoso e mulherengo,bom no carteado e na navalha (com ela corta o mal e seus inimigos). Muitas lendas e histórias giram em torno de seu Zé, sejam elas veridícas, mitos ou histórias espírituais. Zé Pelintra tornou-se o icone e o chefe dos malandros na Umbanda.
Nossa festa acontecerá dia 31 de Março as 20 horas, com entrada até as 21:30 horas. Sejam todos muito bem vindos, a receber o Axé dessas entidades tão fortes e encantadoras.
Informaçoes e texto: www.seteportais.org.br e adaptado por Janaína de Souza.
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