Exu Mirim
Por Rubens Saraceni
Escrever sobre Exú Mirim se faz necessário nesse momento porque,
desde que psicografei o livro Lendas da Criação - A Saga dos Orixás,
sua importância na Criação e na Umbanda mostraram-se maior do que
imaginava-se.
Não temos escritos abundantes a nossa disposição que ensinem-nos
sobre esse Orixá ou que fundamente-o com Mistério Religioso.
Essa falta de textos esclarecedores e fundamentais das suas
manifestações religiosas nesse primeiro século de existência da
Umbanda deixou Exú Mirim à própria sorte, ou seja: a vagos
comentários sobre seus manifestadores que pouco ou nada esclareceram
sobre eles e ao que vieram! Inclusive, por terem sido descritos
como "espíritos de moleques de rua", cada um incorporava-o com os
típicos procedimentos de crianças mal-educadas, encrenqueiras, bocu
das, chulas, etc.
Foram tantos os disparates cometidos que é melhor esquecê-los e
reconstruir todo um novo conhecimento sobre o Orixá Exú Mirim, antes
que ele deixe de ser incorporado e relegado ao esquecimento, como já
foi feito com muitos dos Orixás que, por falta de informações
corretas e fundamentadoras, deixaram de ser cultuados aqui no Brasil.
Nas Lendas da Criação, Exú Mirim assumiu uma função e importância
que antes nos eram desconhecidas. A função é a de fazer regredir
todos os espíritos que atentam contra os princípios da vida e contra
a paz e a harmonia entre os seres. A importância e a de que, sem Exú
Mirim nada se pode ser feito na Criação sem sua concordância. Com
Exú, dizia-se que "sem ele não se faz nada". Já, com Exú Mirim, "sem
ele nem fazer nada é possível".
Vamos por partes para entendermos sua importância e fundamentá-lo,
justificando sua presença na Umbanda.
1) Cada Orixá é um dos estados da Criação. Um é a Fé, outro é a Lei,
outro é o Amor, e assim por diante, independente de suas
interpretações religiosas.
2) Por serem estados, são indispensáveis, insubstituíveis e
imprescindíveis á harmonia e ao equilíbrio do todo. O Estado da
matéria considerado "frio" só é possível por causa da existência do
estado "quente" e ambos na escala celsus indica os dois estados das
temperaturas. Sem um não seria possível dizer se algo está frio ou
quente; se algo é doce ou amargo, se algo é bom ou ruim, etc. É a
esse tipo de "estado" que nos referimos e não a um território
geográfico, certo?
3) Muitos são os estados da Criação e cada um é regido por um Orixá
e é guardado e mantido por todos os outros, pois se um desaparecer
(recolher-se em Deus), tal como numa escada, ficará faltando um
degrau, e tal como numa escala de valores, estará faltando um grau
que separe o seu anterior do seu posterior.
4) Quando a Umbanda iniciou-se no plano material, logo surgiu uma
linha espiritual ocupada por espíritos infantis amáveis, bonzinhos,
humildes, respeitosos e que chamavam todos(as) de titios e titias ao
se dirigirem às pessoas ou aos Orixás e guias espirituais. Também
chamavam os pretos(as) velhos(as) de vovô e de vovó. Até aí tudo bem!
5) Mas logo começaram a "baixar" uns espíritos infantis briguentos,
encrenqueiros, mal-educados, intrometidos, chulos e que dirigiam -se
às pessoas com desrespeito chamando-os disso e daquilo, tais como:
seu pu.., sua p..., seu v...., seu isso e sua aquilo, certo? E
quando inquiridos, se apresentavam como "exús" mirins, os exús
infantis da Umbanda numa equivalência com um exú infantil ou um erê
da esquerda existente no Candomblé de raiz nigeriana.
6) Exú Mirim assumiu o arquétipo que foi construído para ele: o de
menino mal! E tudo ficou por aí com ninguém se questionando sobre
tão controvertida entidade incorporadora em seus médiuns, pois ele
diziam que todo médium tem na sua esquerda um Exú Mirim além de um e
Exú e uma Pomba Gira.
7) De meninos mal educados, como tudo que "começa mal" tende a
piorar, eis que as incorporações de entidades Exús Mirins começaram
a ser proibidas nos centros de Umbanda devido a vazão de desvios
íntimos dos médiuns que eles extravasavam quando incorporavam nos
seus.
8) De mal vistos, para pior, essa linha de trabalhos espirituais,
(onde cada médium tem o seu Exú Mirim), quase desapareceu e só
restaram as incorporações e os atendimentos de um ou outro Exu
Mirim "muito bom" mesmo no ato de ajudar pessoas.
9) Então ficou assim decidido, mais ou menos, por muitos:
a) Exú Mirim existe, é mal educado e incontrolável e de difícil
doutrinação.
b) Vamos deixar Exú Mirim quieto e vamos trabalhar só com
linhas espirituais doutrináveis e possíveis de serem controladas
dentro de limites aceitáveis.
10) Exú Mirim praticamente desapareceu das manifestações Umbandistas
porque suas incorporações fugiam do controle dos dirigentes e seus
gestos e palavrões envergonhavam a todos.
11) Como é característica humana negar tudo o que não pode controlar
e ocultar tudo o que "envergonha", o mesmo foi feito com Exú Mirim,
que existe, mas não é recomendável que incorpore em seus médiuns.
Certo?
Errado, dizemos nós, porque muitos médiuns já ajudaram a muitas
pessoas com seus exús mirins doutrinadíssimos e nem um pouco
influenciados pela personalidade "oculta" de quem os incorporavam.
Todos se adaptam a regras comportamentais se seus aplicadores forem
rigorosos tanto com os médiuns quanto com quem incorporar neles.
O melhor exemplo começa com as incorporações comportadas de quem
dirige os trabalhos espirituais. E uma boa orientação sobre as
entidades ajuda muito porque, o que os médiuns internalizarem sobre
elas será o regularizador das entidades.
Agora se, por acaso, o dirigente adota um comportamento discutível,
aí seus médiuns o seguirão intuitivamente, pois o tomam como exemplo
a ser seguido.
Em inúmeras observações, vimos os médiuns repetindo seus dirigentes
e, inclusive, com as incorporações e danças dos guias incorporados
neles. Essa assimilação natural ou intuitiva é um indicador de que o
exemplo que vem "de cima" ainda é um dos melhores reguladores
comportamentais.
Agora, quando o dirigente incorpora seu Exú Mirim e este, por ser
do "chefe", faz micagens, caretas, gestos obscenos, atira coisas nas
pessoas, xinga-as e fala palavrões, aí tudo se degenera e seus
médiuns procederão da mesma forma porque, em suas mentes e
inconscientes é assim que seus Exús Mirins devem comportar-se quando
incorporados.
Essa foi uma das razões para o ostracismo e que foi relegada a linha
dos Exus Mirins. E isto, sem falarmos em supostos Exús Mirins que
quando incorporavam ou ainda incorporam por aí afora, pegam ou lhe
são dados saquinhos de papel que ficam cheirando, como se fossem as
infelizes crianças de rua viciadas em cheira "cola de sapateiro".
Certos comportamentos, devemos debitar ao arquétipo errôneo
construído por pessoas desinformadas sobre essa linha de trabalhos
espirituais Umbandistas.
1) Não são espíritos humanos, em hipótese alguma.
2) Exús Mirins são seres encantados da natureza provenientes da
sétima dimensão à esquerda da que nós vivemos.
3) A irreverência ou má educação comportamental não é típico deles
na dimensão onde vivem.
4) São naturalmente irrequietos e curiosos, mas nunca intrometidos
ou desrespeitadores.
5) Por um processo osmótico espiritual, refletem o inconsciente de
seus médiuns, tal como acontece com Exú e Pomba Gira. Logo, são
nossos refletores naturais.
6) Gostam de beber as bebidas mais agradáveis ao paladar dos seus
médiuns, sejam elas alcoólicas ou não.
7) Apreciam frutas ácidas e doces "duros", tais como: rapadura, pé
de moleque, quebra queixo, cocadas secas e balas "ardidas" (de menta
ou hortelã).
8) Se bem doutrinados prestam inestimáveis trabalhos de auxilio aos
freqüentadores dos centros de Umbanda.
9) Não aprovam ser invocados e oferendados em trabalhos de demandas
e magias negativas contra pessoas.
10) Toda vez que seus médiuns os ativam para prejudicar os seus
desafetos seus Exus Mirins se enfraquecem automaticamente já acon
teceram inúmeros casos de médiuns que ficaram sem seus verdadeiros
Exus Mirins porque os usaram tanto contra seus desafetos que eles
ficaram tão fracos que foram aprisionados e kiumbas oportunistas
tomaram seus lugares junto aos seus médiuns, passando daí em diante
a criar problemas para suas vítimas que ainda acreditavam que
estavam incorporando seus verdadeiros Exús Mirins.
11) Eles raramente pedem seus assentamentos ou firmezas permanentes
e preferem ser oferendados periodicamente na natureza, tal como as
crianças da direita.
12) Se bem doutrinados e colocados a serviço dos freqüentadores dos
centros umbandistas, realizam um trabalho caritativo único e insubs
tituível.
Vamos resgatar os Exus Mirins da Umbanda e libertá-los do falso
arquétipo que mentes e consciências distorcidas criaram para eles?
Rubens Saraceni
desde que psicografei o livro Lendas da Criação - A Saga dos Orixás,
sua importância na Criação e na Umbanda mostraram-se maior do que
imaginava-se.
Não temos escritos abundantes a nossa disposição que ensinem-nos
sobre esse Orixá ou que fundamente-o com Mistério Religioso.
Essa falta de textos esclarecedores e fundamentais das suas
manifestações religiosas nesse primeiro século de existência da
Umbanda deixou Exú Mirim à própria sorte, ou seja: a vagos
comentários sobre seus manifestadores que pouco ou nada esclareceram
sobre eles e ao que vieram! Inclusive, por terem sido descritos
como "espíritos de moleques de rua", cada um incorporava-o com os
típicos procedimentos de crianças mal-educadas, encrenqueiras, bocu
das, chulas, etc.
Foram tantos os disparates cometidos que é melhor esquecê-los e
reconstruir todo um novo conhecimento sobre o Orixá Exú Mirim, antes
que ele deixe de ser incorporado e relegado ao esquecimento, como já
foi feito com muitos dos Orixás que, por falta de informações
corretas e fundamentadoras, deixaram de ser cultuados aqui no Brasil.
Nas Lendas da Criação, Exú Mirim assumiu uma função e importância
que antes nos eram desconhecidas. A função é a de fazer regredir
todos os espíritos que atentam contra os princípios da vida e contra
a paz e a harmonia entre os seres. A importância e a de que, sem Exú
Mirim nada se pode ser feito na Criação sem sua concordância. Com
Exú, dizia-se que "sem ele não se faz nada". Já, com Exú Mirim, "sem
ele nem fazer nada é possível".
Vamos por partes para entendermos sua importância e fundamentá-lo,
justificando sua presença na Umbanda.
1) Cada Orixá é um dos estados da Criação. Um é a Fé, outro é a Lei,
outro é o Amor, e assim por diante, independente de suas
interpretações religiosas.
2) Por serem estados, são indispensáveis, insubstituíveis e
imprescindíveis á harmonia e ao equilíbrio do todo. O Estado da
matéria considerado "frio" só é possível por causa da existência do
estado "quente" e ambos na escala celsus indica os dois estados das
temperaturas. Sem um não seria possível dizer se algo está frio ou
quente; se algo é doce ou amargo, se algo é bom ou ruim, etc. É a
esse tipo de "estado" que nos referimos e não a um território
geográfico, certo?
3) Muitos são os estados da Criação e cada um é regido por um Orixá
e é guardado e mantido por todos os outros, pois se um desaparecer
(recolher-se em Deus), tal como numa escada, ficará faltando um
degrau, e tal como numa escala de valores, estará faltando um grau
que separe o seu anterior do seu posterior.
4) Quando a Umbanda iniciou-se no plano material, logo surgiu uma
linha espiritual ocupada por espíritos infantis amáveis, bonzinhos,
humildes, respeitosos e que chamavam todos(as) de titios e titias ao
se dirigirem às pessoas ou aos Orixás e guias espirituais. Também
chamavam os pretos(as) velhos(as) de vovô e de vovó. Até aí tudo bem!
5) Mas logo começaram a "baixar" uns espíritos infantis briguentos,
encrenqueiros, mal-educados, intrometidos, chulos e que dirigiam -se
às pessoas com desrespeito chamando-os disso e daquilo, tais como:
seu pu.., sua p..., seu v...., seu isso e sua aquilo, certo? E
quando inquiridos, se apresentavam como "exús" mirins, os exús
infantis da Umbanda numa equivalência com um exú infantil ou um erê
da esquerda existente no Candomblé de raiz nigeriana.
6) Exú Mirim assumiu o arquétipo que foi construído para ele: o de
menino mal! E tudo ficou por aí com ninguém se questionando sobre
tão controvertida entidade incorporadora em seus médiuns, pois ele
diziam que todo médium tem na sua esquerda um Exú Mirim além de um e
Exú e uma Pomba Gira.
7) De meninos mal educados, como tudo que "começa mal" tende a
piorar, eis que as incorporações de entidades Exús Mirins começaram
a ser proibidas nos centros de Umbanda devido a vazão de desvios
íntimos dos médiuns que eles extravasavam quando incorporavam nos
seus.
8) De mal vistos, para pior, essa linha de trabalhos espirituais,
(onde cada médium tem o seu Exú Mirim), quase desapareceu e só
restaram as incorporações e os atendimentos de um ou outro Exu
Mirim "muito bom" mesmo no ato de ajudar pessoas.
9) Então ficou assim decidido, mais ou menos, por muitos:
a) Exú Mirim existe, é mal educado e incontrolável e de difícil
doutrinação.
b) Vamos deixar Exú Mirim quieto e vamos trabalhar só com
linhas espirituais doutrináveis e possíveis de serem controladas
dentro de limites aceitáveis.
10) Exú Mirim praticamente desapareceu das manifestações Umbandistas
porque suas incorporações fugiam do controle dos dirigentes e seus
gestos e palavrões envergonhavam a todos.
11) Como é característica humana negar tudo o que não pode controlar
e ocultar tudo o que "envergonha", o mesmo foi feito com Exú Mirim,
que existe, mas não é recomendável que incorpore em seus médiuns.
Certo?
Errado, dizemos nós, porque muitos médiuns já ajudaram a muitas
pessoas com seus exús mirins doutrinadíssimos e nem um pouco
influenciados pela personalidade "oculta" de quem os incorporavam.
Todos se adaptam a regras comportamentais se seus aplicadores forem
rigorosos tanto com os médiuns quanto com quem incorporar neles.
O melhor exemplo começa com as incorporações comportadas de quem
dirige os trabalhos espirituais. E uma boa orientação sobre as
entidades ajuda muito porque, o que os médiuns internalizarem sobre
elas será o regularizador das entidades.
Agora se, por acaso, o dirigente adota um comportamento discutível,
aí seus médiuns o seguirão intuitivamente, pois o tomam como exemplo
a ser seguido.
Em inúmeras observações, vimos os médiuns repetindo seus dirigentes
e, inclusive, com as incorporações e danças dos guias incorporados
neles. Essa assimilação natural ou intuitiva é um indicador de que o
exemplo que vem "de cima" ainda é um dos melhores reguladores
comportamentais.
Agora, quando o dirigente incorpora seu Exú Mirim e este, por ser
do "chefe", faz micagens, caretas, gestos obscenos, atira coisas nas
pessoas, xinga-as e fala palavrões, aí tudo se degenera e seus
médiuns procederão da mesma forma porque, em suas mentes e
inconscientes é assim que seus Exús Mirins devem comportar-se quando
incorporados.
Essa foi uma das razões para o ostracismo e que foi relegada a linha
dos Exus Mirins. E isto, sem falarmos em supostos Exús Mirins que
quando incorporavam ou ainda incorporam por aí afora, pegam ou lhe
são dados saquinhos de papel que ficam cheirando, como se fossem as
infelizes crianças de rua viciadas em cheira "cola de sapateiro".
Certos comportamentos, devemos debitar ao arquétipo errôneo
construído por pessoas desinformadas sobre essa linha de trabalhos
espirituais Umbandistas.
1) Não são espíritos humanos, em hipótese alguma.
2) Exús Mirins são seres encantados da natureza provenientes da
sétima dimensão à esquerda da que nós vivemos.
3) A irreverência ou má educação comportamental não é típico deles
na dimensão onde vivem.
4) São naturalmente irrequietos e curiosos, mas nunca intrometidos
ou desrespeitadores.
5) Por um processo osmótico espiritual, refletem o inconsciente de
seus médiuns, tal como acontece com Exú e Pomba Gira. Logo, são
nossos refletores naturais.
6) Gostam de beber as bebidas mais agradáveis ao paladar dos seus
médiuns, sejam elas alcoólicas ou não.
7) Apreciam frutas ácidas e doces "duros", tais como: rapadura, pé
de moleque, quebra queixo, cocadas secas e balas "ardidas" (de menta
ou hortelã).
8) Se bem doutrinados prestam inestimáveis trabalhos de auxilio aos
freqüentadores dos centros de Umbanda.
9) Não aprovam ser invocados e oferendados em trabalhos de demandas
e magias negativas contra pessoas.
10) Toda vez que seus médiuns os ativam para prejudicar os seus
desafetos seus Exus Mirins se enfraquecem automaticamente já acon
teceram inúmeros casos de médiuns que ficaram sem seus verdadeiros
Exus Mirins porque os usaram tanto contra seus desafetos que eles
ficaram tão fracos que foram aprisionados e kiumbas oportunistas
tomaram seus lugares junto aos seus médiuns, passando daí em diante
a criar problemas para suas vítimas que ainda acreditavam que
estavam incorporando seus verdadeiros Exús Mirins.
11) Eles raramente pedem seus assentamentos ou firmezas permanentes
e preferem ser oferendados periodicamente na natureza, tal como as
crianças da direita.
12) Se bem doutrinados e colocados a serviço dos freqüentadores dos
centros umbandistas, realizam um trabalho caritativo único e insubs
tituível.
Vamos resgatar os Exus Mirins da Umbanda e libertá-los do falso
arquétipo que mentes e consciências distorcidas criaram para eles?
Rubens Saraceni
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